O rio e a ponte
A efemeridade da vida me assusta. A cada dia constato a triste verdade, já cantada em tantas músicas e afirmada por tantos poetas: tudo passa! Mudam os lugares, as pessoas, os pensamentos, os sonhos e os ideais. Mudam os amigos, as verdades, as crenças e o que parecia imutável. Até o seu corpo muda com a progressão dos dias: você envelhece!
A única certeza da vida se torna ainda mais próxima. Nesse momento breve de clarividência, penso o quão a vida é curta. E mais: como se deve saber viver cada momento, aproveitando-o ao máximo.
É, o rio da vida escorre pelo leito... Não há barragens, pedras ou desvios que impeçam esse curso. O rio apenas flui! Não há âncora, por maior e mais pesada que seja, capaz de manter as coisas, as pessoas e o tempo no mesmo lugar. Resta-nos apenas aprender a conviver com esta verdade.
Prender-se, tentando impedir o curso de mudança vital, de nada adianta. Só causa perda de tempo, esforço em vão.
A solução? Também não sei. Ainda estou à procura de uma. Talvez a única fórmula seja deixar-se levar pela correnteza, observando os peixes que surgem, a paisagem que muda e os corais que se formam...
As águas de um rio não passam duas vezes debaixo da mesma ponte.
____________________________________________________
Cabe aqui mencionar o filósofo pré-socrático Heráclito, considerado o “pai da dialética”. Segundo ele, “um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio. Nunca mais será o mesmo homem, nunca mais será o mesmo rio”.
Comentários
Lindas e delicadíssimas as metáforas utilizadas!...
Parabéns!:)